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Foto do escritorDr. Micael Suzuki

Transtorno Bipolar - da mania à depressão

A flutuação do humor de um indivíduo, na maioria dos casos, é algo completamente natural. É esperado que perante acontecimentos felizes reajamos com alegria, e que perante traumas ou perdas reajamos com tristeza. Não só de alegria vive a humanidade - lidar adequadamente com os momentos de infelicidade e deles extrair aprendizados estão entre as principais ferramentas psíquicas a serem adquiridas no decorrer do desenvolvimento humano. Contudo, alguns indivíduos apresentam variações de humor muito intensas, que se mantêm por vários dias, por vezes semanas ou até meses, o que resulta em sérias consequências. Trata-se do Transtorno Bipolar, que recebe esse nome devido aos dois polos da doença, ou dois extremos.


Em um dos polos, a pessoa apresenta uma tendência à euforia ou à irritação excessiva, com duração de pelo menos quatro dias. Esse estado é chamado de "mania", o que se distingue do conceito leigo de "mania de limpeza" ou "mania de roer unhas". Pessoas na fase da "mania bipolar", além de eufóricas e irritadas, podem também apresentar diminuição da necessidade de sono (dormem duas ou três horas e acordam cheias de disposição), aumento da energia, dificuldade de manter a atenção e o foco, pensamento acelerado e ideias de grandeza, as quais frequentemente fogem da realidade. Devido a esses sintomas, podem ainda envolver-se em atividades perigosas ou mesmo realizar compras excessivas, contraindo altas dívidas. As alterações são tão importantes que é comum necessitarem de internação hospitalar. Apesar de grave, no entanto, a "mania bipolar" possui tratamento. Depende, contudo, da precocidade do diagnóstico e da adequada adesão às medicações.





No outro polo, normalmente o mais frequente e duradouro, o indivíduo apresenta sintomas depressivos, por vezes graves, que podem se estender por meses. Entre os sintomas estão a tristeza a maior parte do dia, a dificuldade de sentir prazer nas coisas (anedonia), insônia ou sonolência excessiva, redução ou aumento do apetite, desesperança, sentimentos de culpa, lentificação psicomotora, diminuição da energia, sensação de fraqueza e pensamentos de morte. Assim como a mania bipolar, no entanto, a depressão também possui tratamento e a precocidade da instituição da terapêutica, bem como a adesão adequada às medicações, são fundamentais para assegurar uma boa evolução.


A doença bipolar é uma condição grave, até o momento sem cura, que pode comprometer a vida do indivíduo em suas múltiplas dimensões. Se não tratada, os episódios de mania e depressão tendem a se tornar cada vez mais frequentes, mais graves e de difícil resposta às medicações existentes. Entretanto, é importante frisar que, com tratamento adequado, a estabilização do humor, dentro dos limites saudáveis, pode ser obtida na grande maioria dos casos, proporcionando melhora na qualidade de vida e mais saúde mental.

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