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O TDAH também acomete adultos

É comum encontrarmos crianças de quatro, cinco ou seis anos que não param quietas, mexendo aqui e ali, pouco seguindo as recomendações dos pais. E isso acontece porque é normal, nessa idade, que assim seja. Portanto, dificilmente uma criança nessa faixa etária receberá o diagnóstico de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). No entanto, agitação demais a partir da idade escolar, prejudicando os estudos, associada a descontrole de impulsos e déficit de atenção com baixo rendimento, pode caracterizar um quadro de TDAH, quando será indicada uma avaliação médica criteriosa. A opinião dos professores e dos pais, nesse caso, será fundamental.


O TDAH é um transtorno que começa na infância, em geral até os 12 anos de idade. Atinge cerca de 5% dos indivíduos com menos de 18 anos. Na infância, as queixas mais comuns são dificuldade de parar quieto, de seguir orientações, de fazer as lições na escola, de prestar atenção nas tarefas exigidas e que são realizadas pelas outras crianças sem grandes dificuldades. Esse quadro merece tratamento quando esse padrão de comportamento resulta em prejuízos no desenvolvimento da criança.


O tratamento do TDAH depende da idade do indivíduo, que deve ser cuidadosamente avaliado. Após bem estabelecida a indicação, poderão ser utilizadas técnicas psicoterápicas, bem como a introdução de medicações, entre elas os psicoestimulantes. Muito se tem discutido sobre a supermedicação de crianças com essa condição, porém a realidade brasileira é a oposta. Aqui, grande parte dos indivíduos que sofre de TDAH não recebe o tratamento adequado. Consequentemente, muitas crianças, bem como seus familiares, continuam sofrendo sem a definição do quadro e a instituição de terapêutica adequada, o que frequentemente leva ao comprometimento do desenvolvimento do indivíduo como um todo, muitas vezes predispondo a comorbidades psiquiátricas.





O que poucos sabem, no entanto, é que o TDAH é uma condição que em quase 50% dos casos se estende para a fase adulta. Nesses casos, o diagnóstico é mais raro ainda, o que significa que boa parte desses indivíduos se mantém sem uma definição do quadro, sofrendo dos sintomas da doença. Tais sintomas podem se manifestar em praticamente todas as atividades do dia a dia causando, por exemplo, problemas no trabalho e na vida pessoal.


Os principais sintomas do distúrbio no adulto envolvem especialmente alterações do domínio da atenção. Nesse sentido, dificuldades de memorização, de focar por muito tempo em uma mesma atividade, de seguir orientações de forma ordenada, de cumprir com os compromissos sem procrastinar representam alguns possíveis sintomas. A hiperatividade e a impulsividade, no entanto, também podem estar presentes, resultando em uma sensação de inquietação, além de propiciar a tomada de decisões precipitadas e o envolvimento em situações de risco.


O quadro se complica quando não tratado, frequentemente levando a sintomas depressivos e ansiosos comórbidos. Isso pode eventualmente confundir a avaliação do profissional médico. Ao pensar se tratar unicamente de um episódio depressivo ou de um transtorno de ansiedade isolado, pode-se prescrever tratamentos inadequados e pouco eficazes. A terapêutica correta envolve o uso de medicações e terapias psicológicas. Os remédios devem ser instituídos apenas após avaliação rigorosa e, em geral, os resultados são bastante satisfatórios.


Sim, os adultos também podem sofrer dessa condição pouco conhecida nessa faixa etária. A informação, no entanto, pode fazer toda a diferença no sentido de resultar no tratamento das causas certas, reduzindo complicações e proporcionando ao indivíduo melhores condições para exercer suas atividades profissionais e viver sua vida de relacionamentos interpessoais com mais saúde.

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