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Não existe fórmula mágica

A obesidade tem se tornado um problema cada vez maior. Mudanças no estilo de vida das pessoas, na composição da dieta e no padrão de atividades físicas têm levado a um aumento no número de indivíduos com excesso de peso. Independentemente de questões estéticas, pessoas obesas apresentam risco aumentado de desenvolverem condições potencialmente fatais, incluindo hipertensão arterial, diabetes, dislipidemias e consequentes doenças cardiovasculares. Na prática psiquiátrica, inclusive, a utilização de algumas medicações pode resultar em ganho de peso e desenvolvimento de síndrome metabólica, o que aumenta a morbidade associada aos transtornos mentais. Destarte, a obesidade é um problema que merece cuidado e tratamento especiais.





Existem alguns princípios que devemos ter em mente quando da proposição de um tratamento para controle de peso. Primeiramente, medicações utilizadas isoladamente possuem pouca eficácia no longo prazo. Embora possam resultar na redução de 5 a 10% do peso no início do tratamento, tende-se a atingir um plateau. Ademais, quando suspensas, se utilizadas isoladamente, o risco de reaquisição do peso perdido é muito alto.


Um segundo ponto importante é que não existem dietas milagrosas. Dietas que resultam em grande perda de peso em curto período de tempo tendem a não ser sustentáveis no longo prazo, favorecendo o temível "efeito sanfona". Deve-se substituir a ideia da "dieta que se inicia na segunda-feira" pelo conceito de "reeducação alimentar para o resto da vida". Não existem dietas de um mês ou de apenas uma semana quando o objetivo é a manutenção da perda de peso e uma vida mais saudável.


Um terceiro ponto importante é que a atividade física, isoladamente, por mais extenuante que seja, não necessariamente leva à perda de peso. Se não associada à mudança do hábito alimentar, as calorias queimadas poderão facilmente ser repostas por calorias adicionais ingeridas, comprometendo os resultados almejados.


A partir desses três princípios, conclui-se que a terapêutica ideal para os quadros de obesidade deve ser conduzida por uma equipe multidisciplinar que inclua médico, psicoterapeuta, nutricionista, educador físico, entre outros profissionais da saúde. A terapia deve se iniciar com orientações dietéticas que visem a equilibrar a ingestão de proteínas, carboidratos, gorduras e outros nutrientes essenciais, e a instituição de atividades físicas adequadas às necessidades e às potencialidades de cada paciente. Na ausência de uma resposta satisfatória após instituídas essas medidas, medicamentos poderão ser associados. Por fim, em casos mais graves e refratários, abordagens cirúrgicas são opções.


É preciso ficar claro que não existe tratamento fácil para perda de peso. Qualquer um que se depare com uma proposta milagrosa de perda de peso em curto prazo deve duvidar da seriedade do tratamento sugerido, buscando se informar quanto aos riscos inerentes.


É necessário esforço diário e sustentado. Mudar os hábitos não é uma tarefa fácil. As expectativas devem ser reais, de modo a reduzir eventuais frustrações que possam suspender o tratamento. É importante frisar que perdas de apenas 5% do peso inicial podem resultar na melhora da pressão arterial e dos fatores relacionados ao diabetes. Associadas à atividade física, tais perdas podem ainda reduzir os riscos inerentes à obesidade no longo prazo.

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