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Foto do escritorDr. Micael Suzuki

Manias demais podem ser um problema

Mania de limpeza, mania de organização, mania de checar se as portas estão realmente fechadas. Boa parte das vezes, esses comportamentos não fazem mal para o indivíduo que os possui, podendo inclusive auxiliá-lo. Uma pessoa com mania de limpeza provavelmente terá uma casa brilhando e se orgulhará disso. Uma pessoa que tenha mania de organização, por outro lado, tenderá a lidar melhor com seus compromissos, destacando-se entre os demais, e talvez por isso obtenha melhores resultados. Existe, contudo, um limite.


Esse limite é ultrapassado, por exemplo, quando alguém despende duas horas por dia escovando os dentes, três horas no chuveiro, chegando a gastar um sabonete inteiro por banho, e mais uma hora lavando as mãos após cumprimentar um amigo, dado o simples receio de que tudo possa estar contaminado.


Esse limite também é ultrapassado quando alguém necessita checar trinta vezes se a porta da sala encontra-se realmente fechada ao anoitecer, ou sinta a necessidade de confirmar vinte vezes se desligou o gás da cozinha ao sair de casa, devido ao medo de que algo ruim possa acontecer com sua família, se não o fizer.





As manias, nesses exemplos e em tantos outros, causam prejuízo funcional e social, além de intenso sofrimento. Nesses casos, caracterizam um distúrbio chamado Transtorno Obsessivo-compulsivo (TOC). Obsessivo-compulsivo porque é caracterizado por obsessões (pensamentos, vontades, imagens que surgem na mente da pessoa, fora de seu controle) e compulsões (atos realizados com o intuito de reduzir a ansiedade causada pelas obsessões).


Nesse sentido, uma pessoa com pensamentos frequentes de que tudo possa estar contaminado (obsessão) passa a se lavar freneticamente (compulsão), sentindo-se após o ato um pouco mais limpa e, consequentemente, um pouco menos ansiosa.


Apesar da gravidade que esses distúrbios podem representar, no entanto, existe tratamento eficaz para a maior parcela dos casos. Destacam-se, na terapêutica, o uso de determinados medicamentos, bem como algumas linhas psicoterápicas.


Dentre as medicações, compostos como clomipramina e risperidona têm demonstrado boa resposta em ensaios clínicos, sendo o tratamento, contudo, de longa duração. Podem ser necessárias doze semanas ou mais, sob doses adequadamente tituladas do medicamento, para que a melhora seja obtida. O mesmo se demonstra na psicoterapia, cujos resultados surgem no médio prazo.


O mais importante é saber que o problema existe e, na suspeita desse diagnóstico, procurar ajuda de um profissional da área. As pessoas com TOC costumam apresentar grandes prejuízos nas áreas de relacionamento pessoal e profissional. Muitas convivem vários anos com o transtorno, sem um diagnóstico preciso e sem receber quaisquer formas de suporte e tratamento, muitas vezes se isolando socialmente e, dessa forma, sofrendo as consequências mais deletérias desse problema.

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