Mania de limpeza, mania de organização, mania de checar se as portas estão realmente fechadas. Boa parte das vezes, esses comportamentos não fazem mal para o indivíduo que os possui, podendo inclusive auxiliá-lo. Uma pessoa com mania de limpeza provavelmente terá uma casa brilhando e se orgulhará disso. Uma pessoa que tenha mania de organização, por outro lado, tenderá a lidar melhor com seus compromissos, destacando-se entre os demais, e talvez por isso obtenha melhores resultados. Existe, contudo, um limite.
Esse limite é ultrapassado, por exemplo, quando alguém despende duas horas por dia escovando os dentes, três horas no chuveiro, chegando a gastar um sabonete inteiro por banho, e mais uma hora lavando as mãos após cumprimentar um amigo, dado o simples receio de que tudo possa estar contaminado.
Esse limite também é ultrapassado quando alguém necessita checar trinta vezes se a porta da sala encontra-se realmente fechada ao anoitecer, ou sinta a necessidade de confirmar vinte vezes se desligou o gás da cozinha ao sair de casa, devido ao medo de que algo ruim possa acontecer com sua família, se não o fizer.
As manias, nesses exemplos e em tantos outros, causam prejuízo funcional e social, além de intenso sofrimento. Nesses casos, caracterizam um distúrbio chamado Transtorno Obsessivo-compulsivo (TOC). Obsessivo-compulsivo porque é caracterizado por obsessões (pensamentos, vontades, imagens que surgem na mente da pessoa, fora de seu controle) e compulsões (atos realizados com o intuito de reduzir a ansiedade causada pelas obsessões).
Nesse sentido, uma pessoa com pensamentos frequentes de que tudo possa estar contaminado (obsessão) passa a se lavar freneticamente (compulsão), sentindo-se após o ato um pouco mais limpa e, consequentemente, um pouco menos ansiosa.
Apesar da gravidade que esses distúrbios podem representar, no entanto, existe tratamento eficaz para a maior parcela dos casos. Destacam-se, na terapêutica, o uso de determinados medicamentos, bem como algumas linhas psicoterápicas.
Dentre as medicações, compostos como clomipramina e risperidona têm demonstrado boa resposta em ensaios clínicos, sendo o tratamento, contudo, de longa duração. Podem ser necessárias doze semanas ou mais, sob doses adequadamente tituladas do medicamento, para que a melhora seja obtida. O mesmo se demonstra na psicoterapia, cujos resultados surgem no médio prazo.
O mais importante é saber que o problema existe e, na suspeita desse diagnóstico, procurar ajuda de um profissional da área. As pessoas com TOC costumam apresentar grandes prejuízos nas áreas de relacionamento pessoal e profissional. Muitas convivem vários anos com o transtorno, sem um diagnóstico preciso e sem receber quaisquer formas de suporte e tratamento, muitas vezes se isolando socialmente e, dessa forma, sofrendo as consequências mais deletérias desse problema.
Comentários