O que é o tempo? Apenas uma progressão linear marcada por relógios e calendários, ou uma entidade que carreia um significado muito mais profundo? Em seu mais recente lançamento, Princípios da Terapia Temporal Dialética, o Dr. M. M. Suzuki conduz os seus leitores a uma jornada extraordinária com o intuito de desvendar a essência do tempo, unindo filosofia, neurociência, física e reflexões sobre a mortalidade e a condição humana. Fruto da fascinação de toda uma vida pelo tempo e pela íntima relação que esse estabelece com a existência ela mesma, esta obra explora a complexa relação, comumente despercebida, entre o tempo físico e o tempo vivido.
A obra inicia-se com uma análise sobre as múltiplas compreensões filosóficas do tempo, incluindo perspectivas de Heidegger à fenomenologia contemporânea. Em seguida, examinam-se os avanços da física e da neurociência nesse domínio, os quais revelam as intrincadas formas pelas quais a percepção do tempo molda a realidade. O cerne da obra, todavia, reside sobre o tempo vivido—a nossa experiência subjetiva de fluxo temporal—e as suas implicações para a saúde mental do indivíduo e o seu saudável desenvolvimento.
O autor apresenta, então, os princípios da Terapia Temporal Dialética, uma abordagem inovadora concebida para preencher a lacuna existente entre os constructos de tempo objetivo e de temporalidade. Ampliando a visão filosófica e existencial tradicional, essa abordagem carreia o potencial de transformar a forma como concebemos os transtornos mentais e atuamos no sentido de proteger o bem-estar e aliviar o sofrimento existencial.
Este livro é indicado para psicoterapeutas que buscam ampliar a sua prática clínica, para aqueles intrigados com os mistérios da existência, ou ainda para quem deseja compreender melhor a si mesmo e o mundo ao seu redor.
PREFÁCIO DA PRIMEIRA EDIÇÃO:
Este livro surge da fascinação que o mistério do tempo exerce sobre mim. Esse mistério manifesta-se, a princípio, com o enfrentamento da questão da finitude, quando estou com quatro ou cinco anos e constato, pela primeira vez, que as pessoas queridas, uma hora ou outra, se vão. Lembro-me nitidamente do desespero que essa constatação gera dentro de mim, a qual se ameniza, em grande parte, quando tento deixar o assunto de lado, postergando a confrontação com a perda para depois, tentando evitar que os sentimentos de angústia dominem a minha existência. Posteriormente, no decorrer da infância e adolescência, lembro-me de momentos em que me angustio com a possibilidade da minha própria morte, ocasião em que tento, com muito esforço, buscar conforto no encontro com Deus. Embora essa estratégia funcione por algum tempo, a semente do sofrimento, confesso, continua plantada dentro de mim.
Completo meus estudos médicos e, em seguida, a residência médica em Psiquiatria, percorrendo um caminho intensamente marcado pelo enfrentamento do tema da finitude. Esse enfrentamento, todavia, ameniza-se, à ocasião, pelo tecnicismo ou, então, por um certo movimento contrário que se resume ao pensamento quase mágico de que a medicina carreia o potencial de vencer a morte, em sua assíntota praticamente a aniquilando. Conquanto esse pensamento seja eficaz, por algum tempo, para amenizar a minha angústia, também não é suficiente para extirpar de mim a semente do sofrimento da morte. Trata-se, mais uma vez, de criar subterfúgios para deixar o momento do enfrentamento para depois. Afinal, um dia a gente morre e um dia a gente perde quem a gente ama, mas esse dia está sempre bem longe, de forma que o melhor é deixar para preocupar-se com isso mais tarde.
Insatisfeito com todas as explicações anteriores, e tendo que lidar com novas contingências marcadas pelo luto, eu decido, por fim, enfrentar esse tema. Nesse momento, sinto um pressentimento de que há algo muito profundo sobre a questão da finitude que eu e a maioria das pessoas desconhecem. Nessa direção, decido mergulhar no estudo do tempo. Para minha surpresa, descubro, no decorrer do percurso, aspectos bastante surpreendentes sobre essa entidade que, a priori, parece tão óbvia, a ponto de não merecer ser estudada. Evidencia-se para mim, todavia e cada vez mais, que é tempo é um mistério nada óbvio.
O tempo ainda é um mistério. A busca pelo conhecimento já produzido e a integração dos achados das diversas disciplinas permite, todavia, uma compreensão mais abrangente desse mistério, desvelando alguns aspectos surpreendentes que podem ser úteis na prevenção e na terapêutica dos sofrimentos que acompanham as nossas existências. Começo este livro analisando o que dizem os filósofos, já há milênios, sobre o conceito do tempo, com o intuito de demonstrar que, para além da concepção de um tempo linear marcado por fluxo contínuo, visão comumente concebida como óbvia, existem múltiplas outras possibilidades de entender e viver o tempo. Em seguida, analiso alguns achados da Física e da Neurociência que também apontam para aspectos do tempo frequentemente desconhecidos, características que contribuem para o enriquecimento da percepção do fluxo de tempo de que somos todos dotados. Confesso que gostaria de incluir outros aspectos sobre esses domínios, e mesmo de aprofundá-los, não o fazendo, neste livro, devido à escolha de priorizar aspectos do tempo vivido. Complemento a análise do tempo, então, examinando a temporalidade humana, isto é, o tempo como esse é vivido, momento em que me apoio no referencial da Psicopatologia Fenomenológica, aprofundando-me em transtornos mentais específicos. Por fim, ofereço uma possível síntese entre tempo físico e tempo vivido, propondo que a ampliação da filosofia de vida do sujeito e da sua visão de mundo, mediante a aplicação das teses de uma Terapia Temporal Dialética, possui o potencial de proteger a sua saúde mental.
Este livro destina-se a quem deseja adquirir uma perspectiva adicional sobre a sua existência, incluindo o seu surgimento e o seu fim. Destina-se também ao psicoterapeuta que deseja ampliar o próprio arcabouço filosófico e terapêutico, com o intuito de aprimorar a sua capacidade de tratar pessoas que sofrem de transtornos mentais. Destina-se, sobretudo, a todo ser humano que deseja entender um pouco mais sobre o tempo e, consequentemente, sobre si mesmo. Trata-se, com efeito, da maior surpresa que me acomete durante os meus estudos sobre o tempo – encontrar que, ao examinar a relação entre o tempo físico e a temporalidade do indivíduo, eu encontraria o próprio indivíduo e, para além desse, a totalidade. PARA LER: As edições impressas do livro, disponíveis somente em língua inglesa, podem ser adquiridas no site da Amazon. Clique aqui para acessar o site.
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